terça-feira, 1 de abril de 2008

UMA MULHER COM MUITAS IDENTIDADES...

Antes de entrar para vida pública pelas mãos do MDB, em 1978, Heloneida já trabalhava na área literária, escrevia livros e foi jornalista dos tempos áureos da extinta Manchete. Depois, tornou-se também sindicalista, com atividades no Senalba, o sindicato dos escritores, quando foi presa pela ditadura. Mas dentro de tudo o que fez, do que mais se orgulhava era de ter uma carteira de trabalho. Na vida parlamentar, teve quatro mandatos e, mesmo conquistando 16 mil votos, não conseguiu atingir o quórum necessário na coligação do seu partido para voltar a ocupar a cadeira de deputada estadual. Com essa derrota, deixou inacabado o projeto de fazer na Assembléia um centro cultural.

MOMENTOS DA PETISTA E PARLAMENTAR




Heloneida soube honrar outra carteira, às vezes mal usada por muitos, a de parlamentar. Criou inúmeras leis, presidiu comissões e teve destaque na mesa diretora da Casa, não apenas como deputada petista, mas como vice presidente responsável por decisões executivas importantes, como a de criar uma TV para que o parlamento ficasse mais democrático e transparente.

Criou a TV Alerj, mas logo perdeu o controle da sua direção para o que ela considerou um golpe dos esquemas partidários de legendas que comandavam a casa e não tinham experiência e a estatura jornalística necessárias. Como se diz no ditado popular, "cabrito bom não berra", Heloneida calou-se, deixando o projeto da TV para que a opinião pública o julgue no tempo certo. A iniciativa pioneira, no entanto, foi tomada pelas suas mãos, com o apoio da bancada do PT.
Com a derrota por pouco na eleição para deputada em 2006, ela foi convidada para a criação de um projeto que sempre acalentou: um centro cultural, que levaria ainda mais o povo ao legislativo. Heloneida já contava com experiência anterior, na gestão do presidente Sérgio Cabral, quando criou na Alerj e conduziu um projeto teatral que levou peças gratuitas sobre a vida política brasileira ao saguão do legislativo, surpreendendo pela grande adesão do público. Mas o seu sonho permaneceria inacabado, interrompido por sua morte numa operação do coração que acabou mal sucedida.